sábado, 26 de fevereiro de 2011

Dislexia




 
                                                                      Pré dislexia -
Ainda na pré escola existem alguns sinais que podem nos revelar uma pré dislexia. A criança geralmente apresenta aquisição tardia da fala, pronúncia constantemente errada de algo. É uma dificuldade primária da aprendizagem que abrange: leitura, escrita e soletração ou uma combinação de duas ou três dessas dificuldades.
A criança geralmente herda a dislexia, portanto ela pode ter algum parente, pai, avó ou tio que também são disléxicos. A dislexia é mais comum em crianças, mas é possível encontrar esse distúrbio em adultos. Acomete tanto meninos como meninas.
As crianças disléxicas não são menos inteligentes, aliás muitas delas apresentam um grau de inteligência normal ou até superior ao da maioria da população.
A deficiência não pode ser encarada como motivo de vergonha, pois há diversos casos de pessoas bem sucedidas que sofrem com a dislexia como por exemplo, Tom Cruise (ator), Agatha Christie (autora), Thomas Edison (inventor), entre outros.
umas palavras, dificuldade em aprender cores, números, copiar seu próprio nome, aprender formas geomêtricas, dificuldades em recortar, dar laços, desenhar, distúrbio do sono, dificuldade em entender o que está ouvindo, etc. A criança costuma ser esquecida e não tem uma boa noção de sequência inclusive temporal.
Essa fase da pré dislexia é a fase mais importante para que se comece a intervenção (tratamento). Como já foi citado nos outros transtornos, quanto antes o tratamento melhor será o prognóstico.
Entendendo a dislexia - O funcionamento do cérebro
Diferentes partes do cérebro exercem funções específicas. A área esquerda do cérebro, por exemplo, está mais diretamente relacionada à linguagem nela foram identificadas três sub-áreas distintas: uma delas processa fonemas, outra analisa palavras e a última reconhece palavras. Essas três subdivisões trabalham em conjunto, permitindo que o ser humano aprenda a ler e escrever. Uma criança aprende a ler ao reconhecer e processar fonemas, memorizando as letras e seus sons. Ela passa então a analisar as palavras, dividindo-as em sílabas e fonemas e relacionando as letras a seus respectivos sons. À medida que a criança adquire a habilidade de ler com mais facilidade, outra parte de seu cérebro passa a se desenvolver; sua função é a de construir uma memória permanente que imediatamente reconhece palavras que lhe são familiares. À medida que a criança progride no aprendizado da leitura, esta parte do cérebro passa a dominar o processo e, consequentemente, a leitura passa a exigir menos esforço.
Funcionamento do cérebro do disléxico
O cérebro de disléxicos, devido as falhas nas conexões cerebrais, não funciona desta forma. No processo de leitura, os disléxicos recorrem somente a área cerebral que processa fonemas. A consequência disso é que disléxicos tem dificuldade em diferenciar fonemas de sílabas, pois sua região cerebral responsável pela análise de palavras permanece inativa. Suas ligações cerebrais não incluem a área responsável pela identificação de palavras e portanto, a criança disléxica não consegue reconhecer palavras que já tenha lido ou estudado. A leitura se torna um grande esforço para ela, pois toda palavra que ela lê aparenta ser nova e desconhecida
Sinais da dislexia
                                                      NA ALFABETIZAÇÃO

  Dificuldades na fala;
 Dificuldades para aprender o alfabeto;
 Dificuldade para planejamento e execução motora de letras e números;
 Dificuldade na preensão do lápis;
 Dificuldade em separar e sequenciar sons. ex: pato;
 Dificuldade em rimas;
 Dificuldade em discriminar fonemas de sons semelhantes t/d g/j p/b;
 Dificuldade na diferenciação de letras com orientação espacial b/d d/p n/u m/u;
 Dificuldade em Orientação Temporal (ontem, hoje e amanhã).
                                      A PARTIR DOS 7 ANOS DE IDADE

 Nomeação e memória de trabalho prejudicada;
 Lentidão ao fazer os deveres escolares;
 Reclama que ler é muito difícil;
 Apresenta omissão de letras cavalo/ caalo;
 Memoriza o texto sem compreendê-lo;
 Dificuldade em planejar, organizar e conseguir terminar as tarefas dentro do tempo;
 Nível de leitura abaixo do esperado para sua série e idade; Dificuldade para soletrar as palavras;
 Dificuldade para copiar do quadro;
 Letra feia; Dificuldade com a percepção espacial;
 Confunde direita, esquerda, em cima, em baixo; na frente, atrás;
Troca de palavras;
Tolerância muito alta ou muito baixa a dor;
 Dificuldade de soletração e leitura; Inventa, acrescenta ou omite palavras ao ler e ao escrever, etc;
                                                          ENTRE 7 E 12 ANOS

 Comete erros ao pronunciar palavras longas ou complicadas ?;
 Confunde palavras de sonoridade semelhante, como “tomate” e “tapete”, “loção” e “canção”;
 Utiliza excessivamente palavras vagas como “coisa”;
 Tem dificuldade para memorizar datas, nomes ou números de telefone;
 Pula partes de palavras quando estas tem muitas sílabas;
 Costuma substituir palavras difíceis por outras mais simples quando lê em voz alta; por exemplo, lê carro      ao   invés de “automóvel”;
 Comete muitos erros de ortografia;
 Escreve de forma confusa; Não consegue terminar as provas de sala-de-aula;
 Sente muito medo de ler em voz alta.
                                                        A PARTIR DOS 12 ANOS

 Comete erros na pronúncia de palavras longas ou complicadas;
 Seu nível de leitura está abaixo de seus colegas de sala de aula;
 Inverte a ordem das letras, ex:
€“ “bolo” por “lobo”, “lago” por “logo”;
 Tem dificuldades em soletrar palavras? Soletra a mesma palavra de formas diferentes numa mesma página;
 Lê muito devagar;
 Evita ler e escrever;
 Tem dificuldade em resolver problemas de matemática que requeiram leitura;

 Tem muita dificuldade em aprender uma língua estrangeira;
Dificuldade em planejar e fazer redações.
                                                       Prevenção e Tratamento
O trabalho de Prevenção pode ser feito ainda na primeira infância quando os pais ou professores estiverem atentos aos sinais de alerta. ATENÇÃO: Os sintomas que podem indicar a dislexia, antes de um diagnóstico multidisciplinar, só indicam um distúrbio de aprendizagem, os sintomas não confirmam a dislexia. Somente um profissional capacitado poderá diagnosticar a dislexia. A terapia precoce proporciona os melhores resultados! Se for necessário o fonoaudiólogo o encaminhará a outros profissionais incluindo Psicólogo, Neurologista, Oftalmologista e outros profissionais conforme o caso.

sábado, 19 de fevereiro de 2011

Livro Didático.



 103 milhões de volumes distribuídos em todas as 140 000 escolas públicas nos 5 564 municípios brasileiros
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Os números da distribuição de livros didáticos em 2009 ajudam a explicar por que o Brasil foi premiado no World Mail Awards, espécie de Oscar internacional da logística - e a razão do interesse de outros países pelo modelo. A megaoperação coordenada pelo Ministério da Educação (MEC) entregou 103 milhões de livros didáticos nas 140.000 escolas públicas brasileiras (apenas 1% dos livros não chegou ao destino antes do início do ano letivo).

A distribuição dessa enorme quantidade de livros, que empilhados teriam a altura de 200 montes Everest, consumiu cinco meses e incluiu milhares de viagens de carreta, barco e até carroça. Para citar um périplo entre vários, chegar a um município como Ipixuna, distante 1 380 quilômetros de Manaus, exigiu, além do transporte inicial de caminhão a partir de São Paulo (que concentra a produção de livros didáticos no país), cruzar o Rio Madeira de barco durante 33 dias e seguir adiante de van por mais quatro. Não há no Brasil nenhum programa oficial que envolva uma distribuição tão extensa nem demande logística tão complexa. A segunda maior operação do gênero é a entrega de vacinas pelo Ministério da Saúde, que perde em dimensão (na última campanha contra a rubéola, foram 84 milhões de doses) e na variedade da carga - uma única vacina, contra 2 322 títulos. O que complica mais ainda a logística dos livros é o fato de cada escola receber uma encomenda diferente. São 140 000 tipos de pacote, entregues um a um. O único programa de distribuição de livros didáticos que supera a dimensão do brasileiro é o chinês - mas há uma diferença relevante em favor do Brasil: "Os professores têm a liberdade de escolher os livros que vão adotar", resume Nélio Bizzo, da
Universidade de São Paulo.

O longo caminho até a sala de aula

Os livros que acabam de ser distribuídos nas escolas públicas do país começam a ser produzidos há seis anos. As principais etapas do processo são:

1. Em parceria com a editora, o autor desenvolve um projeto e escreve o livro

2. A editora inscreve o livro no Programa Nacional do Livro Didático (PNLD). Um instituto contratado pelo MEC avalia os padrões técnicos, como qualidade de impressão, e uma junta de especialistas de universidades públicas aprecia o conteúdo

3. Os livros aprovados pelo MEC são incluídos no Guia do Livro Didático, que é enviado às escolas. Os professores escolhem os que vão adotar com base nessa lista

4. O MEC encomenda às editoras os livros solicitados pelos professores

5. Os livros são impressos em diferentes prazos estabelecidos pelos Correios. A ideia é evitar que fiquem armazenados em depósitos antes de chegar às escolas, o que encareceria o processo

6. Os Correios passam às editoras instruções sobre o número de livros que deve conter cada pacote e enviam as etiquetas com o endereço a ser fixado na embalagem

7. Por meio de carretas, os Correios se encarregam do transporte dos livros das editoras, a maioria delas em São Paulo, para galpões que atuam em 95 cidades brasileiras

8. Os livros partem de lá para os 5 564 municípios brasileiros a bordo de caminhões, barcos, balsas e até charretes, dependendo do destino

9. Apenas 173 000 livros se deterioram no caminho algo como 0,2% do total transportado por 2 644 carretas, 4 346 Kombis e vans, 418 caminhões e 100 barcos

10. Precisão: menos de 1% dos livros vem trocado ou é entregue no endereço errado

11. O processo se repete: a entrega ocorre anualmente, mas uma mesma série só recebe novos livros depois de três anos. Nesse período, os velhos exemplares são reutilizados


Não foi fácil encontrar uma fórmula para fazer os volumes certos chegarem ao destino planejado sem atraso. Até há pouco, persistia uma situação absurda: só 25% dos estudantes tinham os livros no primeiro dia de aula. Alguns recebiam o material apenas em setembro. Os atrasos se deviam à falta de um controle centralizado da operação - hoje sob o comando dos Correios, mas antes pulverizada por dezenas de empresas contratadas pelo governo. Esse modelo resultava em erros danosos. Pedidos de algumas escolas não chegavam e ninguém se dava conta disso. Livros eram enviados ao endereço incorreto. Muitos também se rasgavam ou molhavam no caminho. Foi um duro aprendizado até descobrir o melhor jeito de embalar os volumes e acomodá-los nos caminhões, sem deixar brechas entre os pacotes para evitar os danos com o sacolejo da viagem. Atualmente, a distribuição é planejada e acompanhada por um sistema que simula todas as etapas da operação. Com base nos cálculos, determinam-se o melhor trajeto para os caminhões, a quantidade ideal de caixas a ser colocada em cada um e o ritmo de produção dos livros pelas editoras. Eles são impressos aos poucos, para evitar o armazenamento, o que sairia caro. A presteza na entrega rendeu aos Correios um prêmio no World Mail Awards, espécie de Oscar internacional da logística.

"O caso desperta mais curiosidade por se passar no Brasil, onde a logística é sabidamente penosa", diz o consultor Leonardo Lincoln, do Instituto de Logística e Supply Chain. Pesam contra o transporte de cargas no país as longas distâncias e a falta de infraestrutura. No Brasil, 65% das cargas seguem por rodovia (uma opção cara) e apenas 20% por trem (uma opção bem mais econômica). Em países desenvolvidos, as proporções são inversas. O péssimo estado de conservação das estradas aumenta ainda mais os custos e torna qualquer operação mais lenta e difícil. Por tudo isso, os brasileiros gastam proporcionalmente mais com logística: o valor equivale a 13% do PIB. É quase o dobro do gasto dos americanos.

Há cerca de cinquenta grandes empresas especializadas em transporte e armazenamento de cargas no mundo, como as americanas UPS e FedEx, ambas com operações no Brasil. Embora tenham um alto padrão de excelência, elas não contam com um fator decisivo para garantir a eficácia da distribuição dos livros didáticos no país: a presença nos 5 564 municípios, como é o caso dos Correios. Nem se interessam por isso. Diz Carlos Ienne, diretor de operações da FedEx na América Latina: "Para entregar esses livros, é fundamental ter uma capilaridade que, definitivamente, não está em nossos planos. O foco da FedEx são as 2 800 cidades brasileiras que concentram 90% do PIB". Montar uma estrutura em quase o dobro dos municípios não compensaria o negócio, avalia o diretor da FedEx. É o que explica também o fato de nenhuma empresa ter aparecido nas quatro licitações que o governo tentou abrir, depois de os Correios assumirem a operação.

Além da logística, outro aspecto que merece atenção no programa brasileiro diz respeito ao sistema de escolha dos livros, que preserva o direito do professor de optar pelos títulos que julgar melhores. Algo que mais países, como Canadá e Inglaterra, também fazem. O princípio é bom. Só o professor, afinal, conhece tão bem a realidade de seus alunos. O Brasil foi o único, no entanto, a implantar uma avaliação dos livros enviados pelas editoras. Todos são submetidos a uma análise técnica, em que se observam detalhes de impressão, e a uma apreciação do conteúdo, na qual se verificam erros conceituais e a coerência com as exigências curriculares do MEC. Cerca de 70% dos livros são aprovados e ingressam na lista apresentada aos professores. Não se trata de um sistema infalível. Mesmo com essa peneira, passam erros. Acontece, além disso, que livros de padrão mediano sejam escolhidos em detrimento de excelentes coleções. "Ainda que produza distorções, o sistema que permite ao professor definir o material de suas próprias aulas ainda é o mais democrático", pondera o especialista Claudio de Moura Castro.

A compra de milhões de exemplares permite ao MEC negociar bons preços com as editoras. Atualmente, 36 editoras vendem livros didáticos ao governo, entre elas Ática e Scipione, do Grupo Abril, que edita VEJA. O mesmo livro vendido nas livrarias por cerca de 70 reais sai para o MEC por 5 reais. As margens de lucro das editoras giram em torno de 5%, quase a metade do que rendem as vendas para as livrarias. O negócio com o governo compensa pela escala e ainda por uma segunda vantagem: os livros jamais são devolvidos, ao contrário do que ocorre com as livrarias, que recebem os títulos sob regime de consignação. Se eles encalham nas prateleiras, cabe à editora retirá-los da loja e armazená-los num galpão até um novo ano letivo começar. Custa dinheiro. Tudo isso ajuda a entender por que 56% do faturamento das editoras de livros didáticos, em média, vem das vendas ao governo - ainda que o preço cobrado pelos livros seja tão mais baixo. Para os autores, esse é também um bom filão. Um título de sucesso no mercado de livros didáticos vende algo como 2 milhões de exemplares num ano - muito mais do que qualquer best-seller.

Na maioria dos países, o governo tem programas de distribuição de livros didáticos em escolas públicas. É assim nos Estados Unidos e em grande parte da Europa. No Brasil, eles já acontecem desde os anos 30, mas até 1995 a entrega era limitada a poucas séries e não tinha regularidade. Durante o governo Collor, parte do programa chegou a ser suspensa. Hoje, atende todos os 35 milhões de estudantes de escolas públicas, do 1o ano do ensino fundamental ao último do nível médio. Custa ao governo 842 milhões de reais, algo como 2% do orçamento do MEC. Os especialistas concordam que se trata de uma boa aplicação do dinheiro para a educação. O livro didático é uma ferramenta fundamental, especialmente num país pobre como o Brasil. Para os professores, que raramente têm um currículo em que se espelhar, fornece uma espécie de roteiro para as aulas. No caso dos alunos, além de material de apoio para os estudos, esses livros são, muitas vezes, os únicos da casa. Quem acompanha o programa relata que até os pais os utilizam como fonte de pesquisa - como ocorre com a dona-de-casa Leda de Araújo, 51 anos e um filho matriculado numa escola estadual de Manaus. Lá, a remessa de livros didáticos do MEC chegou há três meses. "Dou muito valor a esses livros e ensino o mesmo às crianças."